Crónica de fim do Verão ou quase Outono...








Gosto de ir à Serra da Estrela ao longo do ano, é aquele local onde as estações do ano são mais visíveis e marcadas. Gosto de fazer pequenos passeios, levo a máquina fotográfica com uma única lente e vou explorando o local, e as potencialidades da lente. Desta vez escolhi uma lente de retrato para o que me propunha fazer, a Tamron 85mm f/1.8, e sim, a ideia era mesmo explorar o seu grande valor de abertura e uma diminuta profundidade de campo. Assim, penso em dois ou três locais, uns que conhecia e gosto de lá voltar de tempos a tempos e outros que estavam na lista para conhecer. Começamos pela Srª do Desterro, sim, escrevi no plural, porque a minha filha, de vez em quando acompanha-me, fazemos uma espécie de jogo visual, descobrir motivos fotográficos, os mais estranhos, os mais coloridos, os mais feios, ou simplesmente apontamos o dedo sem sentido e rimos, muitas das vezes fazemos imagens, são uma espécie de prémios que conquistamos na partilha de momentos, pelas caminhadas e pelo treino visual. Na Srª do desterro, fazemos a caminhada ao longo do rio, além de mais fresco, este local é um misto de pagão, religioso e industrial , a sua piscina natural, as várias capelas e igrejas e o museu da electricidade fazem deste local único. Estamos naquele periodo de fim de verão e no quase Outono e isso nota-se na Serra, a falta de humidade, frequente aqui e as cores que costumam ser mais verdes, são agora amarelos, muito torrados. A direcção do olhar vai sendo canalizada para locais com água, aqui conseguimos algumas memórias vagas do esplendor do outono que ainda não chegou, a culpa é da chuva! Saímos, agora vamos à Lapa dos Dinheiros, vale sempre a pena voltar à aquele bosque imenso de castanheiros, a gruta da Lapa, e claro a piscina natural. Para o final reservamos o menos conhecido, seguimos em direcção ao rio Alva, paramos o carro em Sandomil, pegamos nas máquinas e lá vamos nós outra vez, calcorreamos as margens do rio, aqui o verde é exuberante, fresco e cheio de reflexos, que adoramos. O meu olhar é na maior parte das vezes uma abordagem muito próxima, de pormenor, detalhe e conscientemente é isso que gosto de fotografar nestes passeios. As abordagens de paisagem ficam reservadas a outras horas do dia ou condições atmosféricas adversas. No fim e em jeito de balanço, ficam boas imagens nas memórias, nas nossas e nas máquinas fotográficas...

P.S: Entretanto alguns destes locais locais foram devastados por incêndios, guardo na memória a sua cor e energia e a natureza encarregasse-á de dar vida novamente a estes locais...PM

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