Artigo sobre as Trilobites de Mação na National Geographic Portugal
As trilobites contam histórias da vida e evolução de uma classe extinta de artrópodes, que viveu e prosperou em mar pouco profundo, situado na margem de um grande continente já desaparecido, chamado Gondwana. Através do seu estudo e do das rochas que as contêm somos hoje capazes de reconstruir esses ambientes e ficar a saber, por exemplo, que esse mar e parte desse continente antigo se situavam então junto ao Polo Sul.
Mas a pergunta surge, o que são as trilobites? Pertencem ao grupo dos artrópodes extintos e são compostas por cefalão, tórax e pigídio, possuíam um corpo dividido em segmentos recoberto por uma carapaça carbonatada mineralizada, com débeis articulações na zona da caixa toráxica entre os seus diversos segmentos, que lhe permitiam enrolarem-se em resposta a alterações bruscas no ambiente ou face ao perigo. Ao longo do seu crescimento as trilobites sofriam várias mudas, descartando sucessivos exosqueletos, tal como sucede com alguns artrópodes actuais. Durante décadas, muitos têm sido os investigadores que aqui trabalharam, e todos contibuiram para o conhecimento que existe sobre o local, e sobre as trilobites. Nery Delgado fez as primeiras identificações, em 1808 e parte desse espólio está guardado ainda hoje no Museu Geológico e Academia de Ciências. Nuno Vaz trabalhou e identificou micro-fósseis no concelho, Tim Young realizou a revisão moderna da estratigrafia do Ordivícico em 1985 e José Romão realizou o mapeamento geológico do concelho de Mação em 2001, ainda hoje utilizado nas cartas geológicas do concelho. Michael Romano identificou as duas espécies novas de trilobites, pela primeira vez, a Eoharpes macaoensis e Actinopeltis tejoensis, ficando a espécie com referências locais a Mação e do Vale do Tejo respectivamente.
Para este trabalho contei com a valiosa colaboração dos paleontólogos Artur Abreu e Sá e Sofia Pereira que me acompanharam no campo, na descoberta de toda a riqueza geológica e paleotológica do concelho de Mação. A recolha de imagens ficou em parte facilitada pela excelente colecção do Miguel Pires, coleccionador de fósseis que disponibilizou a sua sabedoria e exemplares de trilobites para algumas imagens da reportagem. A todos o meu Bem Hajas pelo apoio.
As trilobites de Mação constituem uma espécie de “janela do tempo” que nos permite conhecer alguns capítulos da história da vida na Terra há cerca de 450-460 milhões de anos antes do presente....isto e muito mais pode ser este mês descoberto na edição de Junho da revista National Geographic Portugal no artigo - Trilobites de Mação, a não perder!